quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ausências

Quando me afastei de casa voltei a sentir a liberdade do descomprometimento. Temia que no regresso entendesses o meu olhar distante. A fraqueza de quem esteve ausente nas nossas alegrias: o aniversário de casamento, primeiro filho, novos aniversários. O trabalho parecia chamar-me nas piores alturas. A culpa perseguia-me até ao abraço da chegada. Ao passar a soleira da porta reconhecia um rosto de ansiedade. O teu cheiro pairava no ar: o cheiro da nossa casa. Impregnava-se porque começava a ser cada vez mais nossa, embora só o teu se notasse Talvez tivesse o meu, das curtas passagens, mas não o conseguia sentir, porque era meu e apenas me reconhecia em ti. O melhor abraço que recebia era o do regresso. Parecia durar uma eternidade. Eras sempre tu que me largavas. A tua estabilidade e coração mantiveram-me vivo. Em cada regresso tornava-se mais evidente porque me fazias tanta falta. Preciso de ti porque te amo. Nas minhas pequenas orações peço a Deus que me chame primeiro e agradeço-lhe o maior dom que colocou na minha vida.

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