segunda-feira, 8 de junho de 2009

Prelúdio do Fim

O teu sorriso fácil. Fácil de mais, talvez. Um embaraço quando te rias da minha sinceridade, dos sentimentos ridículos que inadvertidamente partilhava. Depois havia um exagero das vezes que não tinha piada. As graçolas que corriam mal e não deixavam de soltar o teu sorriso fácil. Em ti só o riso permanecia fácil. O que restava dessa expressão sedutora…da primavera venturosa desses tempos de estudante. Sobrava agora a perplexidade de não ter respostas. Como se o nosso romance vivesse num limbo dourado. Talvez o mal esteja nesta terra. Perdeu-se a glória dos mares, das praças-fortes, das cidades. Ficaram relíquias da prosperidade de outros tempos. Os palácios opulentos, as igrejas, os títulos. Já nada resta dessa Goa dourada. O teu sorriso ainda brilha, mas não é o mesmo. Falta-lhe a essência. Sente-se uma mentira latente pronta a soltar-se. Quando os ricos habitantes de Baçaim se decidiram render foi-lhes permitido abandonar a cidade. Os estandartes desfilaram no orgulho da despedida.A sensação de que nada mais poderia ser feito. Os Maratas não deixaram de mostrar a sua admiração pela coragem daquele punhado de homens. Temo que nos esteja reservada uma saída sem glória. Estamos à espera do fim deste lindo espectáculo que acabou antes de o pano cair. Desconheço a hora desse dia anunciado. Espero que sobreviva alguém com a decência de fechar a última porta. O difícil não é decidir par onde irei, mas quem irá comigo. A minha casa e a minha terra já aceitaram a minha ausência. Restas-me tu.

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